sexta-feira, abril 21, 2006

o senhor doutor é prudente?

debruço-me hoje sobre o Homem, alias como sempre..

qual será a melhor qualidade do homem?

sempre tive a Inteligência em mente para responder à questão.

ontem, finalmente acabei de ler A República de Platão, e tal como é dito no prefácio da edição que adquiri, o tema central do livro é (ou talvés seja) a Prudência.

Julgava a prudência como algo acessório à inteligência, mas secundário. é sobre este aspecto que escrevo hoje. será a inteligência que leva à prudência? haverá inteligência sem prudência? há esperteza sem prudência. haverá prudência sem inteligência? haverá prudência sem medo? haverá prudência sem preconceito?

o homem é um ser imperfeito. a imperfectibilidade do homem é talvés o aspecto inerente à condição humana mais enterrado na lama pública dos nossos dias. hoje, como sempre? busca-se a perfeição. mas não se busca a perfeição pelo caminho que a ela conduz. como tudo, busca-se o fim pelo título e pelas honrarias.

a busca da perfeição é uma busca sem fim, derivada do conceito de imperfeição inerente ao homem. esquecido que tem sido é preciso ser lembrado.

o caminho é longo e cheio de desilusões. muita metáfora já nasceu nesta estrada, parida por gente bem mais capaz; não vou por aí.

sendo que não leva a lado nenhum em concreto, não pode ser apresentada condecoração. este senhor tentou, aquele também. mas ninguém conseguiu, tal como ninguém conseguirá e muitos endoideceram a tentar..

recomendo prudência sobretudo na língua.. que isto de falar, muitos falam.. falam..


outro aspecto interessante em Platão, para além de há 2500 anos atrás saber mais que muito boa gente hoje, e ter escrito e ensinado na esperança que se aprendesse.. e na mesma tudo ter continuado ainda que ele exista! é a sua mui curiosa afirmação dos ensinamentos obrigatórios a um filósofo.

filósofo é um amante da sabedoria

um filódoxo é um amante da opinião

parece-me que esta distinção se tem perdido no tempo


mas dizia eu, ou melhor dizia ele que as ciências mais importantes para se chegar à filosofia são a matemática no patamar mais alto, a logística(cálculo), a ginástica, a música e a astronomia num outro patamar.

ora, eu não conheço bem os cursos de filosifia por aí ministrados mas não me parece que estas matérias façam parte da bibliografia. em primeiro lugar e logo a mais importante a matemática!

ora quem vai para estas matérias é geralmente mais como fuga que como busca e logo, diz ele, da mais importante matéria que à filosofia importa.

e esta hein?

assim, talvés filodoxia fosse um mais apropriado termo para descrever o curso e filodoxos um melhor adjectivo para descrever os nobres senhores. que isto das opiniões é como as vaginas dizia o outro, cada um tem a sua e quem quiser dá-la, dá-la..

recomenda-se pois, prudência..

2 comentários:

Anónimo disse...

Não sei se será muito justa essa afirmação... Em 2500 anos muitas coisas se alteram e, assim sendo também as matérias de estudo da Filosofia. Se na altura (e tal como a origem da palavra indica Filo – amigo, Sofia - Sabedoria) esta ciência englobava toda a procura pelo conhecimento, tal não se podia passar hoje em dia em que todas as ciências se desdobram para se tornarem mais específicas. E genuinamente penso que a escolha consciente do estudo da Filosofia como curso universitário nunca poderá ser por fuga à Matemática. De certeza que há quem o faça mas fá-lo exactamente da mesma forma que escolhem engenharias totais ignorantes na nossa própia língua! Concordo com o ensino da Matemática em todos os campos de estudo e penso que se deveria estender até ao último nível do ensino secundário mas, da mesma forma, defendo o ensino do Português, da História e da Geografia. Sem subterfúgios nem "paninhos quentes". Cada vez mais sabemos menos sobre tudo e isto não se passa só aos níveis de ensino mais inferiores. É preocupante ver universitários a dar erros ortográficos, gramaticais e a não serem capazes de reconhecer factos históricos do seu próprio país! Um beijinho!

.ngm disse...

"Se na altura (e tal como a origem da palavra indica Filo – amigo, Sofia - Sabedoria) esta ciência englobava toda a procura pelo conhecimento, tal não se podia passar hoje em dia em que todas as ciências se desdobram para se tornarem mais específicas."

Platão, se fosse vivo hoje (um velhinho simpático com 2433 anos de idade), não o diria melhor certamente, e estou genuinamente convicto de que partilharia da opinião com a nossa putativa comentadora.