domingo, outubro 22, 2006

Operação k7 quebrada

Há coisa de duas semanas, enquanto reorganizava os meus aposentos, dei por mim sem saber o que fazer às k7's VHS que se amontoavam a um canto. Depois de sentir uma certa embriaguez nostálgica ao passar por títulos como "Os condenados de Shawshank", "O Corvo", "Pulp Fiction", "As minas do rei Salomão", "Fim de semana com um morto", entre outros, achei que ocupavam demasiado espaço para o uso que lhes conferia. Assim, sob o slogan "Tornar-me 100% digital" enforcei aquilo a que dei o nome de Operação K7 quebrada.

Ainda que com alguma mágoa e uma certa dose de incerteza sempre presente, lá foram as amigas VHS pela conduta que as conduziu ao caixote verde (ainda pensei na reciclagem mas nao sabia qual a cor do caixote onde as devia depositar e afinal de contas sou sportinguista).

Uma vez concluida a operação, uma sensação de alívio percorreu o meu corpo, de tal forma que já nem compreendia não só a hesitação anterior, como o facto de ter demorado tanto tempo para me decidir a levá-la à prática.

E assim vivi feliz desde aí..

Até que recebo um mail do amigo Siopa que passo a reproduzir:


"O Instituto Português de Oncologia (IPO) está a angariar filmes VHS para os
doentes da unidade de transplantes que estão em isolamento. «São crianças e
adultos que precisam de um transplante de medula e de estar ocupados
durante o tempo de internamento», explicou ao Portugal Diário a Enfermeira
responsável pela unidade, Elsa Oliveira.

A «falta de "stocks"» torna necessária a ajuda da população: «Precisamos de filmes para as pessoas mais desfavorecidas que não têm possibilidade de os trazer. Algumas crianças trazem os seus próprios filmes e brinquedos mas depois quando têm alta levam-nos», acrescenta.

O IPO aceita todos os géneros de filmes, mas a preferência vai para a «comédia». Numa altura menos feliz das suas vidas, «um sorriso vai fazer bem a quem passa dias inteiros numa cama de hospital». Rir é sempre um bom remédio.

As cassetes de vídeo ou DVD's antigos podem ser enviadas para:

Instituto Português de Oncologia de Francisco Gentil
A/C SrªEnfª Elsa Oliveira

Rua Professor Lima Basto 1093 Lisboa Codex

Ou então, informe-se pelo telefone: 21 726 67 85"


Para evitar que aqueles de vós que ainda não se tornaram 100% digitais percam a oportunidade de fazer rir as crianças que têm de ficar todo o dia internadas a ver morangos com açucar e floribelas aqui fica a mensagem. Nada como um belo filme do Eddie Murphy ou do Chevy Chase, que nos entreteu nos 80's e que ainda pode fazer bem a alguém.

quinta-feira, outubro 19, 2006

Relatos do Interrail - Passagens de fronteira

Começo os Relatos do Interrail por um dos mais inebriantes acontecimentos deste tipo de viagem: as passagens de fronteira. Acontecimento físico mas sobretudo psicológico de atravessamento de imaginárias linhas divisoras, sobre as quais rios de sangue correram e inda correm.

Este não é um tema sobre o qual se possa, a meu ver, generalizar mais do que o feito no parágrafo anterior, pois a história de cada curva dessas linhas diz em si mesma muito sobre o que nela está contido. E não havendo territórios iguais, não haverá fronteiras iguais.

Algumas nem se nota a passagem, noutras a passagem é de tal forma notória que se apanha uma constipação no processo.

Entrar na Turquia custa 10€ para europeus ou 15$ para americanos para um visto de entrada, é bom ser europeu e ter descontos como este. Note-se que o visto diz explicitamente EMPLOYMENT PROHIBITED, o que gera sempre a mesma piada entre os mais atentos a este pormenor.

A frontreira entre Sérvia e Croácia também é digna de registo. Cemitérios humildes com centenas de cruzes delimitam-na. Como estrangeiro a esta realidade os agentes de custumes trataram-me com bastante mais simpatia que aos que dali queriam passar para o outro lado. Nesse aspecto ainda se sente algum recentimento e qualquer coisa entre a vingança e "esta-não-é-a-tua-terra".

Por falar em custumes, só não vê o contrabando quem estiver a dormir. Tabaco e qualquer coisa embrulhada que supuz ser droga vi eu a passar. Aliás, o revisor dum comboio (enquanto os passageiros tratavam dos vistos de saída) comprou dezenas de volumes de LM na fronteira entre a Turquia e a Bulgária. Distribuiu-os em sacos arbitrariamente pelas carruagens e calmamente pediu-nos que dissesse-mos que era nosso caso nos fosse perguntado. Quando lhe perguntei o que ganhava eu com isso fez-se que não percebia inglês. Os custumes búlgaros ficaram com um dos sacos e 2 pancadinhas nas costas e o comboio seguiu viagem.

Chegados a Istambul o comboio entra numa linha suburbana, passando por diversas estações mas não parando em nenhuma. Um outro revisor aproveita para atirar um saco fechado (claramente tabaco não era) numa dessas estações onde um grupo de 2/3 pessoas o esperava (ao saco) de braços abertos e aos pulos depois da bela recepção de um deles.

Ainda assim nada me marcou mais que a passagem da Hungria para a Roménia. Finalmente encontrei o 2º mundo. Um mundo onde não se fala inglês e quem fala aproveita-se disso, e bem. "This is Romania, reservation very very necessary. Oficial price X, non-oficial price.."

O interrail à guisa do autor

Olá amigos,

depois de 2 anos de fraca produção intlectual por motivos metereológicos a que a administração do blog é alheia, eis que estão de novo criadas as condições para um saudável aumento de produção.

Como é do conhecimento geral, um interrail foi feito por mim à coisa de 2 meses; sobre o qual pouco o nada tenho dito neste espaço à excepção dos pequenos reports que fui fazendo onde conseguia ligação à internet.

Depois deste tempo necessário à maturação da experiência em si, é chegada a altura de partilhar alguns pensamentos que me ocorrem sobre a dita viagem, poupando-vos a fastidiosos detalhes diariográficos.

segunda-feira, outubro 16, 2006

Enquanto a chuva cai

Está de chuva lá fora, recomenda-se uma gabardine.

Estou entusiasmdo com o acordo celebrado entre o Estado Português e o MIT para o desenvolvimento de programas de estudo avançados nas áreas de engenharia de concepção e sistemas avançados de produção, sistemas de energia, sistemas de transporte e sistemas de bioengenharia.

Sinceramente acho que é uma boa aposta do governo, quer pelos intervenientes quer nas áreas de estudo escolhidas. Acho que vai sendo altura de o país deixar cair alguns sectores em que é menos competitivo e fazer apostas com futuro; e sobretudo deixar de investir pouco em tudo e fazer precisamente o contrário. Claro que não é fácil vai levantar muitas ondas, mas tem de ser. Convem ler David Ricardo neste ponto.

Tenho pena que alguns senhores se tenham levntado contra as universidades escolhidas para entrar no programa mas quando é preciso escolher já se sabe que não se pode ir a todas e alguém tem de ficar de fora. Sobretudo Aveiro mas também Évora se têm afirmado nos últimos anos como potenciais concurrentes às universidades clássicas; mas estas têm apostado e bem, sobretudo nas áreas de TI que não são o foco deste programa e provavelmente por isso terão ficado de fora.

Lamentar por último que tenha sido o governo a assinar este acordo. Deveriam ter sido, na minha opinião, as universidades, elas mesmas, a procurar valorizar-se com este tipo de iniciativa, ainda que dependendo sempre do dinheiro estatal para a concretização. Assim, àquelas que ficaram de fora, em vez se queixarem, vão à luta.

sexta-feira, outubro 13, 2006

Jaques de Molay vingado serás

13 de Outubro de 2006 não está de chuva lá fora; o lugar é Alter do Chão e 11 e pouco é a hora

Faz hoje 699 anos que Filipe IV, O Belo, Rei de França declara ilegal a Ordem dos Templários e mandar prender os seus membros simultaneamente um pouco por todo o lado; mais tarde viriam a ser queimados vivos naquilo a que hoje se chamaria um 2 em 1: executados e cremados logo ali e de uma só vez.

13 de Outubro de 1307, sexta-feira

daí vem o chamado azar das sextas-feiras trezes..

quinta-feira, outubro 12, 2006

Carvalho da Silva em prime-time

A CGTP planeia ocupar os seus 5 minutos televisivos de hoje com uns exercícios a realizar em Lisboa, algures entre o Marquês e o Terreiro do Paço. Tratam-se de manobras que visam a preparação das tropas para qualquer eventualidade. Foram fretados 3 autocarros, milhares de ripas de madeira, uma boa dúzia de lençois e uns restos de tinta, sabe-se lá a que preços.

Os exercícios visam, entre outras coisas, que no juntar é que está o ganho, a redução da idade de reforma no sector da construção de 65 para 57 anos; especificidade do sector. Enquanto os outros sectores aumentam, com excepção da educação, do turismo, da agricultura, da industria e do comércio, pelas mesmas razões: especificidade.

De fora ficou a produção e a escrita de blogs, não é específico o suficiente. Ora, como toda a gente sabe, ninguém com mais de 57 anos é capaz de produzir qualquer blog de geito; mais, toda a criatividade do organismo é sugada muito antes da idade crítica dos 39. Como pode, pois, o governo fazer uma coisa destas? Estarão eles interessados em matar os bloguistas de cansaço intelectual? Não chegavam já os Grandes Portugueses e o Dança Comigo?

São questões em que vale a pena reflectir..