sexta-feira, março 24, 2006

Desci hoje ao Pireu para vos fazer as minhas preces

O que andamos nós a fazer na vida ?

já aflorei estaa questão num post recente mas decidi voltar à carga, pela importância que dou ao tema, por um lado, mas pelo desnorte que vejo à minha volta (na sociedade em geral).

credos à parte, e deles retiro o "como" mas não o "porquê", que fazemos entre o nascer e o morrer? que caminho escolhemos, o do justo? ou o do injusto? (p.e. apenas para simplificar)

peço ao leitor que tome um segundo para si, esqueça o trabalho, a escola, a namorada, a família e pense apenas na imensa liberdade individual. e depois reflicta no que quer fazer entre a vida e a morte.

eu escolhi o conhecimento. já que nada de material daqui se leva, ainda que não sendo certo, se alguma coisa se levar será o conhecimento. o "saber de experiências feito"

esta minha franqueza e firmeza de convicções não me tem dado muitas alegrias verdade seja dita. mas mantendo-me hirto sigo firme de vontade. chega de jogar com as palavras, vamos ao que interessa.

por não ter (ainda) um livro de citações (,embora já o tenha identificado numa livraria perto de si) não posso precisar quem me iluminou sobre esta questão, mas fê-lo com qualquer coisa tipo "é nossa (enquanto intelectuais) a responsabilidade de não deixar morrer (ou seria perpectuar?) os clássicos".

infelizmente, ja havia gasto uma boa maquia em romances e romancinhos quando li isto (ou quando a minha mente verdadeirmente o processou).

assim, encontro-me agora (depois de ter arquivado a referida pilha de livros) de braço dado com "A República" de Platão, achei que seria um bom porto de partida ou talves simplesmente estivesse ali a olhar para mim e naquela troca de olhares seduziu-me, o malando.

pois não é que há 2500 anos, numa altura em que telemóveis, televisões e computadores não eram de acesso generalizado, as questões de princípio de JUSTIÇA, enquanto escolha do caminho a seguir (recto ou corrupto para simplificar) não se alteraram numa vírgula.

a imutabilidade da consciência humana surpreende-me. nada se alterou. não digo pouco, digo nada. e mais, nem a individual nem a colectiva, por mais que uma boa educação possa (e de facto acho que faz) fazer a diferença na escolha do caminho.

como aqui não há contraditório a retórica é toda minha, assim não me alongo mais e espero por vós para seguir o debate. mas relembro: no dia que me encontrasse com Platão seria interessantíssimo discutir tu-cá-tu-lá questões eternas, enquanto que os pequenos prazeres (de alguns pois bem) lhe passariam ao largo. quem sou eu para lhe explicar o que são os morangos com açucar.

Não deixemos morrer os clássicos, ainda que no fim do dia não tenhamos jornalistas à beira, á eternidade será nossa. se não houver eternidade (e isso dará muito blog) bem, também não haverá ninguém para partilhar os dzrt, ainda assim salve-se antes o ludwig wan que no bote não cabemos todos.

a quem deste post fizer uma leitura "pequenina": posso sempre tornar-me num nuno rogeiro e mandar bitaites sobre tudo e mais alguma coisa. não tendo um palminho de cara, não esquecer: quem tem boca vai a Roma.

3 comentários:

Duarte Aragão disse...

  Entre a intelectualidade de perceber todos os passos que damos, ou a simplicidade de pôr um pé em frente do outro, escolhi a segunda. Mas gosto de ouvir, ver e sentir, o que se passa com quem quer perceber os passos de todos nós.
  Os clássicos são as pessoas com quem me cruzo na rua, com o mesmo desnorte das pessoas que se cruzavam com Platão.

Tomas disse...

Eu por mim escolho o reconhecimento, de coisas feitas, coisas ditas e mais importante, vidas tocadas...

Felizmente, mesmo nesta nova cultura de dzrts, morangos e famosos instantâneos, ainda serão os Platões a atingir a imortalidade...

.ngm disse...

cabe-nos a nós perpetuar os clássicos, mas não te consumas por isso...

os clássicos, se forem clássicos, tendem naturalmente a se auto-perpetuarem, bastando para isso que sejam... clássicos!

quem não perpetua (ou não quer perpetuar) os clássicos (que me parece algo de muito vasto para classificar) também não perpetua o não-perpétuavel...

quero com este chorrilho de disparates dizer que quem perpetua e perpetuou ao longo dos séculos o ludwig van não são as mesmas pessoas para quem hoje os "clássicos quotidianos" são os dzrt e os morangos... mas essas pessoas não perpetuarão os dzrt e os morangos... pq esses não são perpetuáveis.

1 pessoa perpetua mais o ludwig van do que 1000 pessoas os dzrt...

fiz-me entender? creio verdadeiramente que não me fiz entender completamente, mas fica um contributo sincero, ainda que meio falhado :)