domingo, julho 02, 2006

paz podre

Portugal continua a ter as tradicionais ligações à antiga União Soviética (se calhar o antiga é que devia estar entre parênteses) em muita coisa.. maldito 25 de Abril, que não resolveste nada porque antes creio que também era assim, embora diametralmente oposta na esfera política.

Constata-se que nunca há divergências aquando da saída de ministros. Mais, e daqui partiu a comparação com a URSS, quem abandona o cargo fá-lo sempre através de um pedido de demissão por razões de saúde ou por razões pessoais. Esta porcaria dos consensos cheira mal. Discordar é pecado? Num grupo de 17 pessoas (tantos?) todos pensam o mesmo sobre tudo? E quando é nítido que não concordam nada de bom daí advém, excepto problemas de saúde e razões de força maior.

Até no meu Sporting isto se passou ainda à bem pouco tempo (Ribeiro Teles e Bettencourt). Eis que se passaram os problemas pessoais e num ápice que regressam. Sou a favor da transparência, com um certo grau de opacidade, vá.. Deu-me particular gozo este presidente dizer ao antigo o que ele queria ouvir para lhe deixar o cargo (outra vez URSS) mas felizmente lá veio a machadada. Foi isto que o fez ganhar as eleições. Só um senhor com um "jogo de cintura" típico de empreiteiro de construção civil para este tipo de manobras, ainda assim bem melhores que os pedidos de demissão por falsas razões, já que este tipo de jogada priveligia os fins em deterimento dos meios, ainda que isto não faça muito bem à coluna.

Para ser justo, Freitas do Amaral realmente sofre de problemas de coluna, de outra espécie dos anteriormente mencionado, mas sofre. Aliás, deles sofre à pelo menos 20 anos - diz quem sabe que já deles se queixava em 1986 quando se candidatou à Presidência da República - mas nem por isso deixou de se candidatar, nem tão pouco de aceitar o convite para Ministro quando não consegue estar fisicamente à altura das funções. O que me levou a escrever este texto não foi este engodo, mas o facto de virem os comunicadores oficiais do executivo garantir, senão mesmo jurar, que divergências não as havia, mais, nunca as houve. Este tipo de situação encontra paralelo num comentário que li noutro dia de Vitor de Sousa àcerca de Herman José e que dizia qualquer coisa como isto: não sei se ele é homosexual, e se soubesse não dizia.

E continua a paz podre no país dos consensos.. consensos nunca os há, mas sem eles, aqui, nada se faz..

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