relações pessoais, interpessoais, pessoas que se dão com pessoas, pessoas que fazem coisas com pessoas, pessoas que falam com pessoas, pessoas que são e pessoas que se deixam ser.
algo tão simples, banal e inevitável como complicável e aterrador. ser em sociedade é fazer escolhas. ter opiniões e dá-las. demarcar diferenças numa manada de clones. clones? não por sermos iguais, mas por sermos a mesma coisa.
no meio do processo de afaste acabamos por nos juntar em grupos mais pequenos, frequentemente em grupos de 2. é mais facil, ainda assim de facil tem muito pouco a ciencia das relações. das vontades e dos desejos, das conversas e dos afectos. existimos em tantas dimensões e mal temos consciencia disso. interagimos sem saber e sem saber somos classificados segundo a prestação interactiva.
uma criança fala com outra simplesmente porque têm a mesma idade e estão próximas. conheçam-se ou não. interagem. ao crescer necessitamos de nos afirmar pela diferença, e assim já não podemos falar com qualquer um sem qualquer motivo. são precisas razões. somos induzidos a apresentar um porquê sobre os actos e as escolhas. não é apenas percorrer o caminho, é explica-lo. racionais com qualquer coisa de aleatório.
e depois lembramo-nos destas coisas todas quase sempre na mesma altura. quando uma singularidade se atravessa no caminho e nos força a tomar posição. bifurcações. nada de meios. + ou -, preto ou branco, esquerda ou direita. nada meios. em alturas que apetece as duas, em que a escolha é ausênte.
a vida corre caoticamente para a morte. a ordem é uma invenção nossa para compreendermos o caminho. porque não o compreendemos. pelo menos eu não.
tantas portas.
tantas portas..
cada uma com coisas boas e más. semi-transparentes. vemos parte. comparamos o que vemos em cada uma. espreitamos um pouco mais. duvidas, receios, medos. a frustração de uma escolha é compreendermos que temos de escolher. de abdicar.
podemos abrir várias, mas quase sempre uma de cada vez. mãos e braços pequenos não deixam mais.
algumas uma vez transpostas não há regresso. essas ainda são as que assustam menos, porque uma vez feita a escolha, nada mais há a escolher. agora aquelas em que se pode voltar atrás.. é que dão cabo disto tudo.
é-nos dito que temos na mão o destino.. mentiras. seguramos a trela do destino mas ele move-se sozinho, com as suas próprias razões. chamamos-lhe Deus quando não o entendemos, quando as Suas razões ultrapassam as nossas.
e afastamo-nos Dele. porque não queremos admitir que há coisas que não comandamos. que há portas que não são abertas por nós. queremos o poder da escolha num regime absoluto. não admitimos a nossa fraqueza. conduzimos um barco de leme partido. quando não compreendemos o seu movimento arranjamos um culpado, um bode e expiamos.
deambulações de um jovem ressacado em noite pós-arraial
paz.
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